sábado, 19 de agosto de 2017

Após três anos de obras, Dnit entrega 2 km de duplicação

19/08/17 -  O Tempo

Intervenção continua em trecho antigo e, por isso motoristas ainda vão trafegar em pista simples

gfr
Pista liberada fica próximo ao trevo de Itabira, na região Central

JOÃO RENATO FARIA

Demorou muito e ainda é pouco. Mas neste sábado (19), finalmente, será aberto para veículos o primeiro trecho da duplicação da BR–381, de apenas 2 km, próximo ao trevo de Itabira, na região Central de Minas. A obra que prometia duplicar os 303 km do trecho conhecido como “Rodovia da Morte”, entre a capital e Governador Valadares, na região do Rio Doce, foi anunciada há sete anos pelo governo federal e teve a ordem de serviço assinada há três anos, mas avança a passos lentos e enfrenta atrasos, com problemas de orçamento e impasses entre os consórcios que iriam executar as intervenções e o Poder Executivo.

Tanto que, apesar da abertura, ainda não será dessa vez que os motoristas terão todas as pistas à disposição, já que o tráfego no trecho, entre os KMs 396 e 398, será todo deslocado para a faixa nova e continuará sendo feito em pista simples. Segundo o Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit), isso será feito para permitir a revitalização da pista existente.

Ainda segundo o Dnit, a expectativa é que o trecho de pista nova entre o trevo de Barão de Cocais, na região Central de Minas, e o trevo de Itabira, que corresponde a 7 km, seja liberado ainda este ano. A intervenção no Lote 7 prevê ainda trabalhos de terraplenagem, execução de três pontes, três interseções, pavimentação e construção de um viaduto de 600 m.

Comemoração. Mesmo sendo de apenas 2 km, a abertura do trecho, que já está todo pintado e sinalizado, é aguardada com expectativa pelos usuários da rodovia.

Para o diretor da Federação das Indústrias de Minas Gerais (Fiemg) do Vale do Aço e coordenador do movimento Nova 381, Luciano Araújo, a novidade é positiva, pois mostra um avanço, ainda que lento. “Não estamos nem tratando como inauguração, já que a outra pista ainda será revitalizada. Mas passei hoje (18) no trecho, e as intervenções estão andando, o que é muito positivo”, disse.

O comerciante Nelson Pinheiro de Souza, 48, dono de um restaurante às margens da nova pista, espera que as melhorias na via possibilitem uma viagem mais rápida e segura – um primo dele já bateu de moto contra uma ambulância na rodovia e perdeu um braço. “Esse trecho, entre BH e João Monlevade, é perigoso demais. É muito raro ter uma semana sem acidente”, declarou.

Ele se preocupa com a questão do acesso à nova pista, já que a atual será interditada. “Vamos ter que rodar uns 5 km para fazer o retorno para conseguir chegar à pista nova”, afirmou.

O auxiliar de serviços gerais José Aparecido, 51, que mora próximo ao trecho que será aberto neste sábado (19), não tem muita expectativa em relação à inauguração da nova pista. “A extensão é pequena demais para melhorar alguma coisa. Só a duplicação vai resolver e, pelo tanto que demorou, acho que ainda vai levar muitos anos para essa obra ficar pronta”, lamentou.

A Polícia Rodoviária Federal não informou números de acidentes na 381. (Com Rafaela Mansur)

ATRASOS CONSTANTES

Promessa. A atual duplicação da BR–381 foi anunciada ainda no governo do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), em 2010.

Assinatura. A ordem de serviço para o início das obras só foi assinada quatro anos depois, pela então presidente Dilma Rousseff (PT). Na época, o prazo para a conclusão dos serviços era de três anos.

Impasse. O consórcio Isolux Corsán/Engevix, que assumiu a duplicação de seis dos oito trechos (cerca de 238 km), paralisou as obras em julho de 2015. Em agosto de 2016, o contrato com o consórcio foi rescindido e as obras voltaram à estaca zero.